Love you, Holden kid.

Basta um google para saber que Holden Caulfield, o protagonista do Apanhador no Campo de Centeio, tem 16 anos, foi expulso da escola e odeia o mundo. Mas são necessárias algumas páginas para chegar a conclusão que ele se parece muito com você mesmo em momentos de desilusão. Pq né. Até a Xuxa deve achar, em algum momento, que o seu trabalho é um saco, que está cercada de idiotas, e deve ter vontade de, sei lá, sair vagando por aí. Eu estou um pouco nesse momento do “vagando por aí”, então acho que o Holden suits me well.

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“A lot of schools were home for vacation already, and there were about a million girls sitting and standing around waiting for theirs dates to show up. Girls with their legs crossed, gilrs with their legs not crossed, girls with terrific legs, girls with lousy legs,  girls that looked like swell girls, gilrs that looked like’d be bitches if you knew them. It was really nice sightseeing, if you know what I mean. In a way, it was sort of depressing too, because you kept wondering what the hell would happen to all of them. When they got out of school and college, I mean. You figured most of them would probably marry dopey guys. Guys that always talk about how many miles the get to a gallon in their goddam cars. Guys that get sore and childish as hell if you beat them at golf, or even just some stupid game like ping-pong. Guys that are very mean. Guys that never read books. Guys that are very boring. – But I have to be careful about that.  I mean about calling certain guys bores. I don’t understand boring guys. I really don’t.”

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Numa tradução livre (Marcella, me corrija se eu estiver errada!):

“Um monte de colegiais já tinham voltado para as férias em casa, e havia um milhão de garotas esperando seus namorados aparecerem. Garotas com as pernas cruzadas, garotas com as pernas descruzadas, garotas com pernas incríveis, garotas com pernas meia-bomba, garotas que pareciam muito legais, garotas que se revelariam umas vacas se você as conhecesse. Era muito bom ficar olhando, mas era meio depressivo também, porque você fica se perguntando que diabos vai acontecer com todas elas. Quando elas saírem da escola e da faculdade, quero dizer. Você imagina que a maioria delas vai namorar trogloditas. Caras que só falam sobre quantos quilômetros os carros deles fazem por litro. Caras que ficam magoados quando perdem para você no golfe, ou até mesmo em um jogo idiota com ping-pong. Caras que são mesquinhos.  Caras que nunca leem livros. Caras que são muito chatos.  – Talvez eu deva ser mais precavido em relação a isso. Digo, a respeito de chamar alguns caras de chatos. Eu não entendo caras chatos. Eu realmente não entendo.”

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“When I was at Elkton Hill, I roomed for about two months with this boy, Harris Macklin.  He was very intelligent and all, but he was one of the biggest bores I ever met. He had one of these very raspy voices, and he never stopped talking, practically. He never stopped talking, and what was awful was, he never said anything you wanted to hear in the first place. But he could do one thing. The sonuvabitch could whistle better than anybody I ever heard. He’d bem making his bed, or hanging up stuff in the closet – it drove me crazy – and he’d be whistling while he did it, if he wasn’t talking in this raspy voice. He could even whistle classical stuff, but most of the time he just whislted jazz. Naturally, I never told  him I thought he was a terrifc whistler. I mean you don’t just go up to somebody and say, ‘You’re a terrific whistler’. But I roomed with him for about two whole months, even though he bored me till I was half crazy, just because he was a terrific whistler, the best I ever heard. So I don’t know about bores. Maybe you shouldn’t feel too sorry if you see some swell gir getting married to them.  They don’t hurt anybody most of them, and maybe they are secretly all terrific whistlers or something. Who the hell knows? Not me.”

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“Quando eu estudava em Ekton Hill, eu dividi o quarto por dois meses com esse garoto, Harris Macklin. Ele era muito inteligente e tudo mais, mas era um dos caras mais chatos que eu já conheci. Ele tinha essa voz grossa, e ele nunca parava de falar. Ele nunca parava de falar, e o pior era que ele nunca falava nada que você quisesse ouvir. Mas tinha uma coisa que ele conseguia fazer. O filho da puta podia assobiar melhor do que qualquer um. Ele estava lá fazendo a cama, ou pendurando alguma coisa no guarda roupa – isso me deixava maluco – e ele estava assobiando, se não estivesse falando com aquela voz grossa. Ele podia assobiar até música clássica, mas ele assobiava jazz na maioria das vezes. Naturalmente eu nunca disse pra ele que ele assobiava tão bem. Quero dizer, você não vira pra alguém e diz “você é um assobiador incrível”. Mas eu morei com o cara por dois meses inteiros e, mesmo ele me enchendo o saco até eu ficar meio louco, só aguentei porque ele assobiava tão bem. Então eu não sei muito sobre os chatos. Talvez você não deva ficar com pena de uma menina bacana que casa com um chato. Eles não machucam ninguém e, secretamente, eles podem assobiar muito bem. Quem sabe? Eu não sei.

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J.D. Salinger, 1951

The Catcher in The Rye

Chapter 17, pp. 129-130

15 thoughts on “Love you, Holden kid.

  1. Gabriela says:

    Eu comecei a ler esse livro, pq ele tava na minha listinha de “livros para ler antes de morrer” desde sempre.
    Dai que eu peguei e meu deus que tradução horrivel! É bem o que vc disse no outro post e tal. Se inglês eu soubesse, o original eu leria.
    Quem sabe eu dou uma outra chance para ele.

    Beeijos

  2. jota c. says:

    Nossa ! eu estava pensando sobre isso (vontade de sumir do planeta) e vc escreve esse post ! Mas o pior de tudo é não aguentar a si próprio, o meu caso.Parece que vivo uma eterna novela mexicana , num mundo de idealizações e nunca estou satisfeito com nada.A grande realidade é que todas as pessoas são comuns ,inclusive nós mesmos (chatas),só trabalhamos para não morrer de fome e passamos a vida reclamando de tudo e de todos ,mas morremos de tédio sem nossos amigos e trabalho chatos .Fato!
    Abraços e boa semana!

  3. Milla Q. says:

    Nossa vida está tão louca e agitada, temos o mundo nas mãos e ao mesmo tempo não temos nada… venho reparando que muita gente quer sumir do mundo. Já tive esse momento também.

  4. Tati says:

    Esse livro marcou demais minha adolescência. É muito bom quando você entende que não está sozinha no mundo, que sempre haverá uma companhia, mesmo que essa companhia seja um personagem.
    Beijos
    Tati

  5. Mari says:

    Adoro JD Salinger… Holden é um ótimo cara, mas sou fascinada pela família Glass, dos outros livros.

    Amo Franny & Zooey, um dos meus livros favoritos! 🙂

  6. Raquel says:

    Fico possessa quando vejo “minhas blogueiras” falando que foram xingadas na internet. Sério. Como pode isso? Que tipo de gente se dá esse trabalho somente para insultar outra pessoa? aff….
    Fê (a íntima), vou representar o outro lado, tá? o lado das leitoras do bem. Passo muuuuito por aqui, mas nunca comentei antes. Vou expor esse outro lado: existe uma legião de meninas que acompanham vcs, blogueiras, e eu sou uma delas. Vc não tem idéia como os blogs (moda, maquiagem, decoração, receitas) influenciam minha vida. Não compro produtos sem antes ver os feedbacks, não faço receitas sem terem sido feitas e aprovadas, olho as tendências antes de comprar roupas e aprendo a me vestir e me maquiar com vcs. Vcs são muito importantes no universo “internético”. E vc é uma fofa, esse sorrisão é uma delícia de ver! Obrigada por dispor seu tempo, mostrar seu guarda-roupas, sua cidade (lindaaa) sua rotina e suas dicas pra gente. Nós, as leitoras do bem, somos a maioria, graças a God. Bjussssssss
    Raquel Condulo

  7. Ana Claudia Dutra says:

    Li e reli esse livro inumeras vezes, pra mim ele funciona como livro de auto ajuda, louco né!?
    Amo demais, sempre que tenho oportunidade dou de presente.

  8. ste says:

    fe, fazia mil anos que eu nao vinha aqui..mas como sempre seus posts continuam incriveis..amei tudo
    amei seus comentarios sobre o filme amanhecer..e vc tem razao, o cabelo do edward mudou muito!!!
    estou de volta nos blogs..minha vida voltou ao normal e entao voltarei a frequentar aqui iupiiiii
    bjao

  9. nathalia says:

    Qaunto mais blogs eu olho mais eu hosto do teu… adoro como tu eh uma pessoa normal, que fala sobre a tua vida e nao fica fazendo propaganda por ai! delicia!!

  10. Nina says:

    Li esse livro há um tempo e gostei muito! Eu tinha um professor de inglês que era contra a gente ler esse livro, porque dizia que aos 16 anos (época em que eu tinha aula com ele) todo mundo acha o livro bom. Mas eu li aos 20, e achei ele muito bom do mesmo jeito, me identifiquei do mesmo jeito! Não tem a ver com a idade do Holden =D
    Beijos

  11. Marcella de Melo Silva says:

    Fernandaaaaa, desculpa a demora em comentar aqui! Tô passando mal de atolada na tradução de um livro, socorro!!!
    Puxa, obrigada por ter lembrado de mim pra apitar em alguma coisa relativa à tradução!
    Sua tradução livre ficou ótima, muito melhor que muita tradução “oficial” que a gente vê por aí, hehehe!
    Ai, fiquei lendo esse trecho e me deu uma saudade desse livro, acho que quando terminar esse trabalho e conseguir respirar novamente, vou encontrar com Holden novamente…
    Beijinhos!
    Marcella

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