Feliz Natal!

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fotos do Natal passado, na casa dos meus pais

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O Natal lá em casa é cheio de tradições: tem foto no sofá (todo ano tem), foto com a mesa posta, foto com careta. Tem piada o tempo todo. Tem as lembranças daquele ano – quem nasceu, quem morreu, quem viajou, quem passou vergonha, quem se deu bem – e depois, mais piadas. A gente desliga a TV e fica falando, falando e comendo. A regra é basicamente usar uma roupa nova e comer e conversar até ficar com sono. Lógico que no meio disso tudo tem os presentes, mas o engraçado é que as minhas melhores lembranças de Natal não tem a ver com eles.

Quando éramos bem pequenos, minha avó morava nos EUA. Daí teve um Natal em que ela pegou um avião sem avisar a ninguém e chegou, em plena noite do dia 24, vestida de Papai Noel. A primeira vez que bebi vinho foi em um Natal, e lembro que ria muuuito e achava minha tia-avó Neilde hilária; essa impressão foi tão forte que persiste até hoje, e rio só de olhar pra ela.  Meu tio Fred de repente sumia para se vestir de Papai Noel e entregar presentes aos mais novos – enquanto ele não chegava, meus tios e meus pais se revezavam e tocavam um sininho escondido pela casa: as crianças enlouqueciam. Lembro do primeiro Natal com a minha prima mais nova, Isabela. Eu tinha 16 anos e fiquei com ela no colo a noite toda, como que bricando de boneca.

Me peguei nostálgica com a data porque esse vai ser o primeiro Natal que não vou passar com eles. Vou passar com a família do João, que agora também é minha família. Falar isso em voz alta mareja os meus olhos. É como se uma mão largasse algo muito querido enquanto a outra agarra uma jóia preciosa. É uma felicidade que tem um gosto estranho, sabe? Me pego pensando se vai ter foto no sofá. Pior: como vão tirar a nossa foto do sofá, lá em casa, sem mim? Será que vão colocar um gato no lugar? E o meu lugar na mesa? E os assuntos que eu vou perder? De repente vem tudo à minha cabeça e chacoalha meus pensamentos, que se movem como ondas.

Deve ter a ver com TPM. Ou então é espírito natalino. A verdade é que eu não sei. É uma expectativa, um medinho, é como se eu fosse entrar em uma competição; eu sei que vou ganhar, estou confiante que vai dar tudo certo, mas no fundo, lá no fundo, o estômago está cheio de borboletas. Acho que, essa noite, vou abrir a boca e soltar todas elas pela casa dos meus sogros.

Um beijo para todos que estiverem lendo. Que o Natal de vocês seja especial. O meu já está sendo.