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Não sei se todo mundo que lê o So Shopaholic sabe, mas eu sou jornalista. Estudei 4 anos em uma faculdade muito boa aqui do Rio de Janeiro, reconhecida em todo o Brasil. Durante o curso, trabalhei com todo o tipo de coisa, não só em redação, e minhas maiores oportunidades foram na área de assessoria de imprensa. Mas por que estou falando disso, afinal?
Porque muita gente não sabe o que é assessoria de imprensa.
Assessoria de imprensa não é jabá. Não é presentinho. Não é brinde. Não é eventinho. É um trabalho muito maior, mas que inclui todas essas coisas, e acaba sendo facilmente confundido com amizadinha, miguxice, conchavo, etc etc.
Vamos começar do começo: você tem uma marca, digamos, a Shopaholic Bolsas. São bolsas lindas, fofas, você tem lojas em pontos estratégicos e está construindo sua marca. Ok. Para promovê-la, você pode colocar anúncios em revistas de circulação nacional, por exemplo, o que custa 5 mil dinheirinhos por edição e tem um retorno de, sei lá 10% de aumento nas vendas. Mas você descobre que, se você convencer uma produtora de moda a usar uma de suas bolsas num editorial, as vendas aumentam em 25%. Se uma celebridade for vista usando, as vendas da bolsa aumentam em 35%. E se aparecer numa novela da Globo, aí é uma loucura, as vendas aumentam 60% e a bolsa esgota nas lojas em uma semana.
Só que tem uma coisa: se com o anúncio em jornal você gasta 5 mil dinheirinhos, com um editorial de moda, figurino de novela ou apoio a celebridade, você gasta zero dinheirinhos. Para não dizer que é zero, você gasta o custo de produção da peça que você vai presentear/emprestar para a produtora ou celebridade. E suas vendas vão aumentar bem mais. Belezoca, né?
Mas quem faz esse trabalho? Quem entra em contato com as produtoras de moda, assessores das celebridades, figurinistas das novelas? O assessor de imprensa. É ele que vai elaborar um plano de comunicação que inclui um mailing específico (que nada mais é do que dizer “olha, a Shopaholic Bolsas tem tudo a ver com a Gloss, mas não com a Vogue” ou “consegui o contato da assessora da Fernanda Lima! Vamos mandar uma bolsa pra ela e torcer pra ela usar!”), ficar correndo atrás de produtoras/figurinistas/assessores, além de propor eventos e ações de comunicação fundamentais para a construção da imagem (e pq não reputação) da marca.
E nesse balaio, gatas, é que entram os blogs. Pq as marcas estão vendo que é muito mais barato manter uma relação com blogueiras, que falam para um público bem específico, do que colocar um anúncio na Caras, por exemplo. Assim, quem é sério contrata um profissional que vai manter um contato legal com o blogueiro, que vai saber quais são os blogs estratégicos (o público desse blog é jovem, muitos moram no Rio e curtem um estilo x, já aquele blog tem um público mais maduro, que gosta de y) e sugerir eventos/brindes/promoções que tenham a ver com esse público, etc. Quem não é sério, vai dar tiros para todos os lados, vai fazer propostas de caráter duvidoso (“olha, se você usar minha roupa num look, eu te dou de presente, mas fica entre a gente”, ou então “faz um post dizendo que estava passando como quem não quer nada na minha loja e encontrou vários produtos imperdíveis que eu te dou um trocado”) ou vai mandar aqueles spams insuportáveis por e-mail (quem aguenta?).
Então esse post gigante serve para dizer o seguinte: o assessor de imprensa é um profissional sério, que estudou e que sabe o que está fazendo quando propõe um plano de comunicação. E quando você recebe uma proposta de gente assim, que você percebe que leu seu blog e sabe do que se trata, percebe que está lidando com gente muito boa. E acho obrigação de quem aceita essa proposta dizer “olha, a Shopaholic Bolsas entrou em contato comigo e me mandou essas sugestões de produtos. Selecionei os mais legais para mostrar para vocês”, e passar a mesma sinceridade para os seus leitores.
Então, gente, não se deixem enganar. Ao virem vários posts sobre o mesmo assunto, desconfiem, perguntem, leiam com atenção. Se não virem as palavras “publicidade”, “publieditorial” ou “post pago”, vocês podem estar sendo enganadas. Eu, que já trabalhei com isso, fui enrolada e me senti um lixo!
Pra você, que além de leitora é blogueira também, cuidado com posts patrocinados. A verdade é sempre a melhor opção – um exemplo que gosto muito de usar é o Ricota não Derrete, que sempre coloca uma linha no final do post e diz “esse é um publieditorial” – não deixe nada no ar.
E pra você que tem uma marca, dê valor ao trabalho do assessor. Há profissionais free lancers, empresas de pequeno, médio e grande porte prontas para fazer um trabalho de qualidade. Não se proponha a fazer coisas por debaixo dos panos. O barato sai caro, e a reputação de uma marca não tem preço.
Para concluir: nada contra posts pagos, até pq dinheiro é bom e todo mundo gosta. Nada contra eventos de marcas, brindes, presentinhos, etc. Mas tudo a favor da sinceridade. E estou aberta a quem quiser discutir a questão aqui ou lá no meu formspring.
UPDATE (em outubro/2012) :: Faltou falar que, além do trabalho da assessoria de imprensa, também rola o trabalho das agências de publicidade, que selecionam blogs dentro do perfil de um determinado produto e anunciam lá. Desta forma, rola remuneração para que a blogueira em questão faça um sorteio, post ou ação promocional. Se trata de uma relação comercial sim, mas não menos importante ou honesta que as citadas anteriormente. A blogueira não deve mentir dizendo que o produto é incrível se não o é, e não deve fingir que o post foi feito espontanemente. É importante deixar claro que se trata de uma ação promocional – como a gente já costuma ver em revistas femininas, por exemplo. Aqui no blog só tivemos esse tipo de ação uma vez, com os posts da Seda – todos devidamente assinalados como publiposts.
Beijos.
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Curtiu o assunto? O De Chanel na Laje leu os meus pensamentos (#transmimentodepensação) e também está com um post a respeito de publicidade nos blogs. Legal para ler, comentar, ou apenas refletir.